terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Entrevista a Cláudio Fragata (parte 2)

À volta do livros, foi o título dado pelos passageiros da Barra do Piraí, de Nova Bassano, de Saint Germain-en-Laye e da Junqueira à segunda parte desta entrevista.
- Quem o incentivou a ser escritor?
Sempre vivi cercado de livros e isso, certamente, foi um grande incentivo. Olhava para eles com naturalidade, via meus pais e meu irmão lendo, queria ler também. Acabei descobrindo que os livros eram mágicos, podiam me levar para terras distantes e me faziam viver aventuras deslumbrantes.
- Há alguém na sua família que seja escritor?
Não que eu saiba. Há vários jornalistas, mas não escritores. A família de meu pai tinha uma pequena gráfica que imprimia livros de autores brasileiros e portugueses. Naquela época, as páginas eram compostas com linotipos e meu pai fazia isso ainda menino. Por causa disso, ele tinha muita facilidade de ler as palavras de trás para a frente. Minha mãe gostava de ler, gosta ainda hoje, acredito que adquiriu esse hábito nas esolas francesas em que estudou.
- Com que idade começou a escrever os seus livros?
Comecei bem tarde. Fiz muita coisa próxima, editei livros para os personagens da Turma da Mônica, criada pelo Mauricio de Sousa e muito conhecida por aqui. Eu sabia que literatura era o melhor que eu poderia fazer, mas nunca me sentia preparado. Meu primeiro livro foi publicado quando eu tinha 49 anos. Estou em boa companhia. Tatiana Belinky também começou a publicar tarde e Collodi, o criador de Pinochio, também. Quer dizer que ainda tenho muito tempo pela frente.
- Há quantos anos é autor?
Sou péssimo para datas, mas penso que sou autor de livros há sete anos.
- Porque escreve?
Porque estaria morto se não escrevesse. É só o que sei fazer.
- Há quanto tempo é que escreve histórias para crianças?
Há muitos anos, mas publicadas na forma de livro só há sete anos. Quando era criança, com 8 anos, fazia teatro de fantoches com alguns amigos. Eu escrevia as peças e fazia adaptações de contos de fadas em forma de diálogos. Nosso grupo chegou a fazer sucesso e excursionamos por diversas cidades. Todos ficavam espantados com uma trupe de teatro tão jovem.
- Em que dia publicou o seu primeiro livro?
O dia exato eu não me lembro. Só sei que meu primeiro livro tem uma história triste. Eu só o vi depois de pronto e ficou horrendo. As ilustrações eram feíssimas, o projeto gráfico uma tristeza. Fiquei muito decepcionado porque gostava do texto. Então, resolvi considerar como primeiro livro As Filhas da Gata de Alice Moram Aqui, que, na verdade, foi o segundo, publicado em 2003.
- Porque gosta de escrever livros para crianças?
Porque gosto do mundo da imaginação. As crianças mergulham fundo nele junto comigo e eu com elas. É um público muito exigente, que não tem meio termo. É muito franco. Gosta ou não gosta. Embarca ou não embarca. E eu gosto disso.
- Quantos livros escreveu?
Ao todo foram sete. Tenho outros no prelo e já, já ganharão vida.
- Quando é que começou a gostar de escrever e a pensar ser escritor?
Muito cedo, como contei no site Netescrit@. Eu ficava horas rabiscando quilômetros de papel. Eram histórias que eu inventava e os rabiscos, para mim, eram escrita.
- Qual o primeiro livro que escreveu?
Se chama Os Letronix e os animais em extinção.
- Já se inspirou em algum membro da sua família para escrever um livro?
Estou escrevendo um livro chamado Ilha Flutuante que conta um episódio relacionado comigo e meu irmão.
- Qual foi o primeiro livro que escreveu partindo de uma história verdadeira?
Foi Seis Tombos e Um Pulinho. Tenho outro que deve sair em 2008 chamado Zé Perri, que conta a passagem do escritor Saint-Exupéry pelo Brasil e que também é baseado em pessoas e fatos reais.
- Por que motivo escreveu livros sobre fadas?
Você deve estar se referindo à Princesinha Boca-suja. Bem, eu sempre tive vontade de escrever um conto de fadas, mas todos já haviam sido escritos. Então, pensei em escrever sobre uma princesinha diferente das outras, que fosse corajosa e determinada, que não tivesse medo de ser ela mesma e nem dependesse de um príncipe para ser feliz. Assim nasceu Formosura.
- Está a pensar lançar outro livro?
Como já disse, tenho vários livros no prelo. Zé Perri é um deles.
- Não estava nervoso quando apresentou o seu primeiro livro?
Nooossa... eu estava morrendo de medo. Pensava que ninguém apareceria no lançamento. No final, a tarde de autógrafos que estava programada para 1 hora durou quatro horas! Saí da livraria com a mão doendo! Também fiquei surpreso e orgulhoso quando vi vários escritores famosos presentes. Eles gostaram de meu trabalho e foram lá me prestigiar.
- Tem algum escritor como modelo?
Como modelo, não. Mas tenho vários que me influenciaram bastante: Monteiro Lobato, Lewis Carroll, Ligya Bojunga, João Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Roald Dahl. O único conto infantil escrito por Nelson Rodrigues que conheço mudou completamente minha maneira de escrever.
- Gosta de ler livros?
Adoro. Minha casa tem livros por todos os cantos porque as estantes da minha biblioteca já não são suficientes. Acho que meus gatos gostam também porque estão sempre querendo deitar exatamente sobre o livro aberto que estou lendo.
- Que tipo de livros gosta de ler?
Gosto de ler de tudo um pouco, romance, poesia, aventura, drama. Histórias de rir, chorar e de ter medo, como diz a escritora Tatiana Belinky. Também gosto de misturar a leitura de livros infanto-juvenis e adultos. Não acredito muito nessa separação. Para mim, tudo é literatura.
- Quais os seus autores, ou autoras, preferidos?
Minha lista é longa. Já citei alguns acima, mas poderia acrescentar Carlos Drummond de Andrade, Tolstói, Thecov, Gianni Rodari, Edy Lima, Mark Twain, Ruth Rocha, Fernando Pessoa, Tatiana Belinky, Somerset Maugham, Charles Dickens... Oh, tantos...
- Que tinham os livros de Monteiro Lobato para tanto o fascinarem?
Tinham tudo. Surpresa, emoção, aventura, humor, mistério. Tinham principalmente Emília, a boneca de pano atrevida e espevitada. Uma vez, ela se definiu assim: “Sou a Independência ou morte!”. Aprendi com ela a ser livre, a lutar por aquilo que se acredita e a não ter medo de dizer o que se pensa.
- Qual a sua obra preferida?
Adoro Contos da Rua Brocá, do escritor francês Pierre Gripari. Alice no País das Maravilhas é uma obra-prima. Gosto de todos os livros infantis escritos por Érico Veríssimo. E não conheço nada mais deslumbrante do que Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa. Ah, divirto-me bastante com as Desventuras em Série, de Lemony Snicket.
- Conhece outros escritores que escrevem histórias para crianças? Prefere algum em especial?
Conheço vários, tenho muitos amigos que escrevem para crianças. Cada um com seu estilo, sua graça. Muito dificíl dizer de qual gosto mais. Nem seria muito bonito fazer isso, não é verdade?

12 comentários:

Marli Fiorentin disse...

Obrigada Cláudio pela disposição em responder às curiosidades dos alunos. Tenho certeza que as respostas serviram para uma série de reflex~eos , principalmente pelo teu exemplo de vida. Abraço
Professora Marli
Nova Bassano - RS

Anónimo disse...

Nós somos o João e a Márcia da escola E.B.2,3 da Junqueira.
Gostámos de ver as respostas às perguntas da nossa escola, da Barra do Piraí, de Nova Bassano, de Saint Germain-en-Laye porque há respostas muito engraçadas e com muita imaginação.

Anónimo disse...

Lemos as respostas da entrevista que lhe fizemos.
Estamos muito curiosos para ler o seu próximo livro.
De: Renato e André
Para: Cláudio Fragata

Anónimo disse...

Olá, nós somos a Catarina e o Rui.
Achamos que a entrevista nos esclareceu dúvidas. Por isso gostámos muito.

Anónimo disse...

Adorei ler a entrevista
AS espostas também estavam muito engraçadas

Anónimo disse...

Ola Cláudio Fragata!Está bom? Eu estou ,e também estou muito feliz pelas suas respostas até ficamos a saber mais coisas sobre si.
Respondeu a muitas perguntas minhas e da Beatriz.

Anónimo disse...

Caro e grande escritor Cláudio Fragata gostámos muito das suas respostas às nossas perguntas. Com as suas respostas aprendemos mais sobre si, sobre a sua infância, os seus amigos Tatiana Belinky, Fernando Pessoa e muitos mais autores e autoras de que gosta. Esperamos que não tenha achado algumas perguntas um pouco parvas.

Anónimo disse...

Olá eu sou o Nuno.
Ando na escola EB 2,3 Dr.Carlos Pinto Ferreira.
Gostei de ler as respostas e fiquei a saber que gosta de ler contos infantis.
Parabéns!

Anónimo disse...

Sabemos que gosta de contos infantis espero que continue a escrever muitos mais livros.
Esperemos que continue a ter muito sucesso.
Arminda/Carla.

Anónimo disse...

Querido Cláudio Fragata:
As respostas às nossas perguntas, muito giras e interessantes. Gostámos muita da resposta em que diz que os gatos se põem em cima dos livros que você lê. Quando lançar o seu próximo livro, por favor, mande uma notícia para o Voo BPF.

Ricardo André e Ana Isabel

Anónimo disse...

Olá Cláudio.
Eu sou a Rita
Gostei dio:muito da forma como respondeu às perguntas. No que diz respeito à pergunta "Quais os seus autores preferidos", respondeu que tinha muitos autores preferidos como por exemplo Edy Lima...Eu também gosto muito de ler. Eu gosto mais de ler poesia .Beijinhos

Anónimo disse...

Nós somos o Noé e a Rafaela.
Gostámos muito das suas respostas e achamos que escreve de uma maneira muito gira .
E, se tiver algum Nós somos o Noé e a Rafaela.
Boa sorte.